Rir - Na base do Improviso?

Há alguns anos a cena brasileira ganhou a Comédia Stand Up, modalidade de humor nascida (com esse nome) nos Estados Unidos e rapidamente ganhou palcos de teatros e bares pelo país.
Sua aparente facilidade em ser executada fez surgir nomes que ganharam os holofotes e aos poucos as TVs foram arregimentando esses artistas em programas humorísticos ou de um jornalismo diversificado.

Ganhar o público de cara limpa, essa é a proposta desses artistas que sobem aos palcos todas as noites, com suas "piadas" novas criadas a partir da observação do cotidiano, das noticias ou personalidades.

Encaixar o texto nem sempre é tarefa fácil, por isso até que poucos atores se lançam nesse desafio, pois sem nenhum recusrso externo, ou máscara, só resta criatividade e muito improviso. É que sem a "quarta parede" (aquela que divide, virtualmente, os atores do público) o artista está totalmente exposto, para as intervenções nem sempre muito agradáveis da platéia e precisa ser rápido e bem sucedido na réplica para que seu "show" não afunde.

 Diferente do gênero "One Man Show" (Show de um homem só), que ficou conhecido por aqui pelo grande José Vasconcelos, a comédia Stand Up, não é lugar para contar piadas, nem há outros recursos como a música ou interpretação de personagens, talvez por isso alguns shows, chamados de show de humor misture Stand Up, interpretações de personagens e imitações ganhando assim mais corpo e dá uma "certa" segurança aos artistas.

Bruno Surfistinha - personagem de Alexandre Santucci

Grandes nomes estão sempre perto dessa forma "improvisada" de se fazer rir, além de Zé Vasconcelos, Chico Anysio e Jô Soares seguiam essa linha, seja nos shows ao vivo, ou na abertura de seus programas.

Algo bem característico nesse estilo de humor é que os artistas normalmente se apresentam com seus grupos. 

Os pioneiros: Comédia em Pé (RJ - com Claudio Torres Gonzaga, Fernando Caruso, Smigol e Victor Sarro) , Clube da Comédia Stand Up (SP - com várias formações desde seu começo em 2005, mas sempre encabeçado por Marcelo Mansfield e Marcela Leal, constam de seu elenco, ou que passaram por ele: Oscar Filho, Marcio Ribeiro, Henrique Pantarotto, Rafinha Bastos, Diogo Portugal, Danilo Gentili e Patrick Maia), Comédia Ao Vivo (SP - Dani Calabresa, Fábio Rabin, Luiz França e  Marcelo Adnet), ImproRiso (um show de humor e vários convidados pelos  anfitriões Nany People e Bruno Motta e o 3Tosterona, sediado no Beverlly Hills, criado por Luiz França e Robson Nunes com diversas formações sempre revelando talentos. 

Entre os principais humoristas que carregam seus shows solo temos: Bruno Motta, Danilo Gentili, Diogo Portugal, Rafinha Bastos, Murilo Couto e Murilo Gun.

 Muitos grupos e artistas solos vem surgindo com bela desenvoltura, graças a uma prática que chama "open mic", ou microfone aberto, quando convidados com pouco ou nenhuma intimidade nessa forma de humor aceitam o desafio e vão para os cerca de 5 minutos. Marcelo di Morais começou nessa, criou o Open Mico e se lança pro todo Brasil com suas atiradas "avantajadas" - muitos humoristas usam suas próprias características, físicas ou os lugares que frequenta e acaba tirando sarro de si mesmo, um dos princípios para construir um bom texto.
Muitos se dão bem e continuam, outros se perdem pelo caminho.

A cena é bem repleta de shows, espetáculos e casas adeptas ao estilo, por todo Brasil.
O grande sucesso fica para a casa  "Comedians" em São Paulo dos comediantes Rafinha Bastos e Danilo Gentili (voltada exclusivamente para a comédia), mas vários espetáculos, de humoristas que estão na TV ou Rádio como o Japa do Pânico, Antonio Celso da Praça, Bernardo Veloso (do sem pé nem cabeça), Rossini Macedo (o Tonho dos Couros da Escolinha do Gugu), a trupe do Comédia Express, dentre muitos, vão abrindo ainda mais caminhos para sedimentar o estilo.